Os consumidores mais atentos já devem ter percebido que as diferenças entre vinhos tranquilos e espumantes vão além das borbulhas.

Entre outros pormenores, um deles é mais notório porque fica à vista, estampado no rótulo. Quer dizer, não fica.

Diferentemente dos vinhos, os espumantes não trazem informações sobre qual safra (ano da colheita) eles foram elaborados, salvo algumas exceções.

Mas por quê?

Isso ocorre porque é uma prática comum das vinícolas utilizarem o vinho base de mais de uma safra na elaboração desse tipo de bebida, até mesmo na emblemática região de Champagne, na França.

Com isso, é possível desde “corrigir” pequenas distorções na bebida ou suprir alguma característica a desejar resultante de uma safra não tão boa, mantendo sempre um bom padrão de qualidade para o espumante. Além disso, serve para alcançar algum estilo de bebida pensado pelo enólogo, sem isso estar atrelado às condições do clima, que sempre influencia no ciclo da videira.

Mas, quando os produtores têm em mãos uma safra a ser festejada, eles produzem os ditos espumantes safrados. São conhecidos no mercado como Millésime, principalmente, mas em alguns casos também recebem a nomenclatura Vintage, e o ano da safra. É uma forma de comunicar aos consumidores se tratar de uma bebida especial, elaborada com uvas que proporcionaram um espumante de qualidade superior – logo, seu preço também receberá acréscimo em relação a outros espumantes da mesma vinícola. 

Os vinhos ganham a ano da safra em que as uvas foram colhidas por uma série de questões, e uma das principais diz respeito à diferenciação que determinada safra pode proporcionar ao rótulo. Como cada colheita está sujeita às condições climáticas, isso significa que um vinho elaborado com o fruto de safras mais chuvosas será diferente de um produzido a partir de uma safra mais seca, por exemplo.

Sendo assim, um vinho elaborado a partir de uma vindima histórica, além de pronunciar características importantes como teor alcoólico e aromas oriundos da perfeita maturação da uva, capacita a bebida inclusive a ser valorizada no mercado, atual e futuro.

Nem todos os vinhos apresentam o ano de suas safras no rótulo já que essa não é uma obrigação legal em muitos países. Alguns espumantes (especialmente Champagne) e fortificados (Vinho do Porto, por exemplo) nem sempre divulgam essa informação. Uma das razões é por eles serem produzidos com vinhos de mais de uma safra. Outra é por quererem criar um estilo consistente independentemente das condições climáticas de um determinado ano. Assim, geralmente, os produtores que fazem blends de safras optam por não colocar essa informação nos rótulos

Outra é por quererem criar um estilo consistente independentemente das condições climáticas de um determinado ano

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