O senso comum entende que, para um vinho ser bom, deve ser caro. Embora o bom, em tese, seja relativo, variando conforme as preferências pessoais, a relação preço versus qualidade é um importante item no competitivo mercado do vinho – e qualidade, diga-se, é indispensável a qualquer que seja a faixa de preço.

Muitos são os pormenores que determinam o preço de um rótulo. Em alguns casos, isso pode estar ligado à baixa oferta de um determinado produto, como a escassez de um vinho de determinada safra tida como histórica. Alguns aspectos, no entanto, têm influência direta no preço. Entre eles, cita o enólogo da Cooperativa Vinícola Garibaldi Ricardo Morari, está a produção do vinhedo. “Quanto maior for a produção, menor será o potencial para guarda e para elaborar um vinho de alto valor agregado”, ensina.

O estágio em barricas de carvalho e o tempo de envelhecimento do vinho em garrafa antes de ir para o mercado também são fatores que agem diretamente sobre o preço. “De uma maneira geral, vinhos com potencial de guarda são os que agregam maior valor, já que demandam uvas com maior potencial de maturação, com menor produção por hectare e levarão mais tempo para atingir seu máximo potencial antes de ser comercializado”, prossegue Morari.

Muitas vezes, a diferença de preço ocorre entre o mesmo varietal de vinho de uma mesma vinícola. Embora possa parecer estranho, é uma prática muito comum, pois, ainda que sejam vinhos extraídos de uma mesma variedade de uva, pertencem a linhas de produtos diferentes.

Isso ocorre porque, explica o enólogo, são elaborados com uvas de diferentes vinhedos, com diferentes tipos de manejo e com objetivos de vinificação diferentes. “Tecnicamente, esses vinhos serão bem diferentes em todas as suas características sensoriais e não somente no preço, pois o estilo que se buscou para cada um deles é diferente e, embora um possa ser mais barato e menos complexo do que o outro, não poderá apresentar defeitos técnicos”, observa.

Também neste sentido, com a ideia de oferecer produtos que agreguem valor, muitas vinícolas trabalham com uma linha premium de vinhos. Esses produtos podem estar relacionados a fatores como processo de vinificação, pelo tempo em que permanecerão guardados antes de atingirem seu ápice de qualidade ou mesmo por um estilo diferente dos convencionais. “De uma maneira geral, são vinhos elaborados em safras especiais, com um manejo do vinhedo que leva a menor produção e consequente maior concentração dos componentes da uva, utilizando-se uma vinificação que busca extrair o máximo potencial das uvas e guardando-se o tempo necessário para que o vinho esteja pleno em todas as suas características”, explica Morari.

A escolha de um vinho, claro, passa pelo preço que se está disposto a pagar por ele – ou que pode-se pagar por ele. Mas essa não é o principal fator a ser observado. O enólogo entende que a escolha de um rótulo passa, principalmente, sobre o que se espera do vinho. “Se tenho interesse em consumir um vinho com maior complexidade e com mais evolução, para harmonizar com um prato específico, deverei escolher um vinho com estilo para guarda e não para ser consumido jovem. Já se quero algo para o dia a dia, geralmente a melhor opção são vinhos mais jovens que, em geral são mais leves e também menos alcoólicos”, orienta.

 

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