Até que a mais moderna das versões fosse servida nos cálices do mundo todo, muita gente testou, errou e acertou na hora de produzir espumantes. Inicialmente um acidente, a bebida ganhou diferentes métodos de produção, passou a ser fonte de renda para muitas pessoas e hoje é apreciada no mundo inteiro. Valorizar o legado de pessoas como Dom Pérignon e da Viúva Clicquot é necessário para que muitos brindes sigam sendo celebrados, cada vez com mais qualidade. Confira, a seguir, cinco destes protagonistas das bolhas ao longo dos séculos.

  

🚩Os monges da abadia benedita de Saint-Hilaire

Pode não ser a história oficial, mas é aqui que se entende ter sido produzido o primeiro espumante da história, por volta de 1531, na região de Limoux, França. A explicação é simples: a obtenção da bebida se deu, a princípio, por acaso. Segundo relatos registrados, o monge responsável pela elaboração de vinhos notou uma nova fermentação na garrafa, advinda de leveduras ainda restantes, mesmo com lacre através de rolha. Teria sido nesse momento o primeiro contado do mundo com os espumantes. Há registros ainda da bebida sendo utilizada na abadia em 1544, como celebração de vitórias, e também em 1584, com o Duque de Joyeuse brindando com a agora batizada como Blanquette de Limoux.

Atualmente, o espumante da região é dividido em três variedades; blanquete método ancestral (bebida leve elaborada em uma única fermentação e engarrafado na primeira lua de março); blanquete tradicional (espumante com 90% de uva mauzac e outros 10% divididos entre chardonnay e chenin blanc) e crémant de  Limoux  (no mínimo 60% de mauzac e o restante entre chardonnay e chenin blanc, a gosto do produtor).

 

🚩Dom Pérignon

Foi apenas em 1668 que o setor econômico da abadia de Hautvillers, no Marne, França, foi designado ao monge Dom Pérignon. A função abrangia o controle de vinhas, vinhos e solucionar o problema da fermentação, indesejada naquela época. O mérito de Pérignon esteve exatamente aí: perceber que aquilo até então visto como obstáculo poderia ser, na verdade, o grande diferencial da produção local. Após, como reza a lenda, perceber que estava “bebendo estrelas”, o francês estudou a fundo o assunto e compreendeu que a fermentação ocorria por conta de uma série de critérios e, à medida em que técnicas como bases mais resistentes e vedações mais adequadas, era possível fazer dela uma aliada. Foi o monge também o responsável por ampliar o conhecimento sobre as melhores uvas para cada solo e por introduzir o assemblage de vinhos de safras diferentes para melhores resultados.

 

🚩Viuve Clicquot

Coragem e visão foram características que acompanharam Nicole-Barbe Ponsardin, a Viúva Clicquot, durante toda a vida. Ao perder o marido, François Clicquot quando tinha apenas 27 anos, ela tomou uma decisão bastante ousada: deixar de lado todos os outros investimentos da família e focar na elaboração de espumantes. Para isso, adquiriu grandes áreas de vinhedos e apostou em estratégia que, se hoje é quase obrigatória, entre os séculos 18 e 19 era novidade: o marketing. Foi ela quem observou a necessidade de se criar rótulos para as garrafas que fortalecessem a marca, por exemplo.

Para além da divulgação, Clicquot teve papel fundamental na difusão do espumante. É creditada a ela a invenção do riddling rack, a inclinação gradual das garrafas até ficarem na vertical, com o objetivo de ejetar restos de levedura e sedimentos de vinho, em processo que busca a purificação da bebida. Todo dia, as garrafas era sacudidas e giradas para acumular no gargalo o que era indesejado no resultado final. Com a retirada da rolha, esses dejetos eram expulsos natualmente pela expansão dos gases.

 

🚩Philippe II

O Duque de Orleans, sobrinho do rei francês Luis XIV, era fã da bebida com bolhas produzida em Champagne. Quando ele assumiu o trono, em 1715, o consumo da bebida se intensificou, pela vontade dos súditos de parecerem com seu rei. A partir daí a região abrigou centenas de famílias com o intuito de iniciar vinícolas e algumas das principais empresas existentes até hoje surgiram neste período. Com a revolução francesa, os nobres fugiram da França levando consigo a bebida, ainda que muitas vezes de forma contrabandeada. Estava emitido o passaporte do espumante para o restante da Europa e, consequentemente, ao mundo todo.

 

🚩Os imigrantes

No Brasil, o personagem principal da expansão do espumante é um coletivo de pessoas: os imigrantes italianos. Eles, em sua maioria oriundos do norte da Itália, primeiramente trouxeram o vinho, obrigatório no cotidiano para atividades culturais e religiosas. Mas a uva rapidamente se tornou fonte de renda e a viticultura foi se diversificando até que a virada para o século 20 trouxe o foco nas agroindústrias. Em paralelo, os irmãos Maristas, vindos da região da campanha francesa (Champagne), chegavam à região onde hoje fica Garibaldi e iniciavam o plantio de uvas – primeiro para utilização nas missas, depois para comercialização que chegou a romper as barreiras do Rio Grande do Sul.

Através do esforço e conhecimento de muitas pessoas, a Serra Gaúcha se tornou a terra do vinho e Garibaldi, especificamente, passou a ser conhecida como a Capital Brasileira do Espumante. São mais de 20 vinícolas e um evento anual, a Fenachamp, voltada a valorizar essa trajetória da maneira mais deliciosa que existe: brindando e bebendo estrelas.

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